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sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Skater Boy - Capítulo 27 ESPECIAL DE NATAL


Estava dentro do carro parado em frente da casa dos Jonas.

Joseph tinha conseguido, no dia anterior, me convencer a ir passar o natal com eles. Nunca que eu conseguiria dizer "não" para ele naquele estado. Tão irresistível. Ah aquele sobretudo.

Maldito sobretudo.

- Vamos, Dem -Harry já estava fora do carro, segurando a porta do mesmo para eu sair.
- Desça logo, caramba! -Justin estava ao lado de Hazza, quase me matando.
- Eu não quero -manhosa.
- Demetria, eu estou congelando! CONGELANDO! -já perdendo a paciência, Justin pegou meu braço para fazer com que eu saísse do carro.
- Calma! Estou saindo -me esquivei do braço dele e, finalmente, saí da minha zona de conforto.

Estava nevando, menos que o ano passado, mas o suficiente para fazer com que nós quase morrêssemos de frio no caminho para a porta de entrada da casa.

- Até que enfim -Joe se levantou do sofá para nos cumprimentar quando entramos.
- Culpa da minha irmãzinha -Just respondeu, fazendo com que eu desse um tapa nele em resposta, ato contínuo ele saiu de perto de nós, resmungando.
- Hey, Lovato -antes que eu pudesse responde-lo, fiquei novamente vidrada em seu suéter brega de renas. Droga, aqueles focinhos vermelhos hipnotizam- Minha vó me obrigou a usá-lo hoje -Joe disse, rindo.
- Desculpa, é que...
- Tudo bem -ele sorriu, tímido.
- Olá, Joseph -Harry se intrometeu, cortando toda a magia de ter Joseph me tratando como uma pessoa decente e não sendo um idiota de primeira.
- Harry -Joe acenou com a cabeça.
- Onde está seu irmão que faz medicina?
- Deve estar na cozinha, ajudando a minha vó -Joe deu de ombros.
- Obrigado.
- Harry, não! -segurei-o pelo braço.
- Só conversarei com o seu novo amiguinho, Demetria.
- Hazza, não quero vexames, pelo amor.
- Deixe seu irmão dar umas palavrinhas com Nicholas -Joe entrou na conversa, claramente ainda não aprendeu que não se deve se intrometer em nossas conversas de família.
- Joseph!
- Que foi, Lovato? Seu irmão mais velho é um cara muito legal, querendo te proteger desses homens aproveitadores -Joseph disse, em tom de ironia.
- Homens como você? -respondi em mesmo tom.
- Pode ser -ele disse, com indiferença- Mas por que brigar? Ele já está com Nicholas mesmo -Joe apontou para um Harry macho alpha protetor que já estava na cozinha.
- Merda -murmurei.

E com passos largos, tentei evitar que Harry abrisse a grande boca dele, o que não foi possível, já que quando cheguei na cozinha lá estava ele, interrogando Nick.

- Então, Nicholas, o que você e Demi fazem quando ela vem pra cá? Vocês ficam sozinhos em seu quarto?
- É... é... estudamos...
- Você não tem vergonha de levar uma menina inocente para o seu quarto sem ter a intenção de falar com o irmão mais velho dela?
- Harry, já chega! -murmurei para não chamar a atenção da velha senhora que estava fazendo biscoitos.
- Estou apenas conversando com seu amigo, Demi.
- Desculpa, Nick -me virei para ele.
- Está tudo bem -ele sorriu para mim.

Aquele sorriso encantador. Há semanas que eu não dava valor ao fato de ele estar sempre ao meu lado me ajudando, mas hoje, em pleno natal, estava adorando vê-lo com um suéter brega igual o de Joe, sorrindo para mim.

- Vocês, jovens... só aprontam -a senhora se prenunciou, largando a fôrma contendo os biscoitos em cima do fogão.
-Me desculpa pelo incomodo, senhora -Harry disse- Você sabe, irmãs mais novas... tenho que cuidar dela -ele apontou para mim.

Amava Harry, de verdade. De longe o meu irmão favorito e a melhor pessoa que eu já conheci. Mas desejava dar-lhe um soco mais do que tudo.

- Quanto mais você sufocar uma pessoa, mais ela vai querer fugir de você -a senhora colocou uma mão em meu ombro- Quando eu era mais nova, meu irmão mais velho também tinha crise de ciumes, o resultado foi que eu fugi de casa para me casar com o primeiro cara que se mostrou interessado em mim... péssima ideia, mas tive um excelente filho e quatro netos maravilhosos -ela sorriu para Nick.

Ah, então essa é a vovó Jonas?

Na verdade, ela não tinha uma cara de vovó. Parecia mais com aquelas tias que sempre aparecem apenas em festas de final de ano, e que fazem cruzeiros e grandes viagens. Aquelas tias quem têm grandes histórias da vida, e que te fazem querer viver uma vida como a das delas.

Lancei um olhar de "está vendo? Pare de ser idiota" para Harry, que o fez ficar desconfortável.

- Só tento proteger, sabe? Só não sei como -Harry admitiu, ficando tímido.
- Garanto que essa menina sabe muito bem se virar sozinha -ela piscou para meu irmão- O que você pode fazer é sempre apoiá-la, sempre estar ao lado dela. Precisamos quebrar a cara na vida para podermos aprender.
- Obrigado -Tarzan sorriu genuinamente.

Nunca tivemos avós. Os pais de minha mãe tinham morrido bem antes de nós termos nascido. E os pais de meu pai nunca quiseram contato, assim como ele.
Talvez esse seja um dos motivos que fez com que Harry ficasse conversando sem parar com vovó, que nos fez a chamar de vovó mesmo. Os dois pareciam ser realmente da mesma família, e eu ficava feliz com isso.

- Me desculpa de novo. Não sei o que está acontecendo com Harry -disse para Nick novamente.
- Não tem problema, Dem, eu entendo o seu irmão -Nick disse, colocando as mãos no bolso da frente da calça.
- Adorei a sua avó.
- Ela é realmente uma boa pessoa, mas... o problema são os suéteres -ele sussurrou para que ela não ouvisse.
- Os suéteres até que são fofos -me aproximei dele, sorrindo.
- São mesmo? Até que eu pensei que essas renas me dão um ar de elegância mesmo -ele tirou uma mão do bolso para alisar o suéter, brincando.
- Você está muito sexy -sem perceber, já estava passando os braços ao redor de seu pescoço.
- Você também -ele murmurou.

Nick parecia estar em um transe, e eu estava amando isso.

Já estava pronta para ter o que eu estivera sonhando há semanas, ah como eu o queria. Como eu tinha me esquecido que eu o queria tanto? Já podia sentir seu hálito quente em meu rosto, seus olhos vidrados em minha boca.

- Oi, Demi! -Kevin apareceu, inocente, com Dani ao seu lado.
- Oi, casal -os cumprimentei, fazendo o máximo para não demonstrar o quão chateada eu estava com a situação. Poxa, achava mesmo que papai noel tinha me trazido Nick de natal.
- O que vocês estão fazendo aqui? Parece que seu irmão e a vovó já estão lidando muito bem com a comida. Vamos lá para a sala! -Kevin nos puxou, fazendo Dani rir.

Acho que até agora, só ela sacou o que estava prestes a acontecer.

- Demiiiii -Frankie correu até mim quando nos juntamos ao resto da família na sala de estar.

Odiava e adorava aquele garoto. Odiava por ele já ter me atrapalhado com o Nick. Adorava por ser o menino mais engraçado que eu já conheci. Se nada desse certo na vida dele, Franklin poderia ser um comediante famoso de stand up.

Os pais dos Jonas estavam conversando em um canto reservado da sala, rindo casualmente, o símbolo perfeito de amor através de anos. Nunca tinha visto meus pais agirem assim, e achava incrível ver os pais de Nick sendo tão apaixonados juntos.

- Também acho incrível ver os dois assim -Nick disse, me tirando do transe.
- Seus pais parecem se amar mesmo.
- E eles se amam. Você não tem ideia do que eles passaram para ficar juntos. Demorou e teve várias barreiras no meio do caminho, mas aqui estamos nós, e é por isso que eu acho que quando tem que ser... as coisas simplesmente acontecem... mesmo que muito devagar -ele disse olhando em meus olhos, causando-me um arrepio.

Será que era isso? O fato de tudo ser tão atrapalhado entre eu e Nick é porque somos destinados a ser apesar de tudo? Adoraria pensar que sim. Adoraria pensar em Nick como o cara que sempre estará ao meu lado.

- Nicky, me ajuda a colocar a meia de natal na lareira? -Frankie veio nos atrapalhar novamente.

E está aí o motivo maior de eu odiar esse pirralho. Quando ele tiver uma namoradinha, farei de tudo para atrapalhar os dois.

- Tudo bem -ele se levantou- Já volto, Dem -com isso vi os dois se afastarem.

- Como foi a conversa entre seu irmão e meu irmão? -Joe apareceu, segurando duas taças de vinho.
- Constrangedora -ele riu, sentando ao meu lado.
- Quer? -sem jeito, ele me entregou uma das taças.
- Obrigada.
- Por nada.

Ficamos alguns minutos mergulhados em um silêncio terrível, apenas observando Justin conversar com Dani e Kevin.

- Venha -Joe pegou a minha taça e colocou na mesa de centro junto com a dele- Quero te levar à um lugar.

Ele pegou em minha mão e saiu praticamente correndo de casa.

Foi como um choque sair no ar frio da noite. Tinha parado de nevar, mas o frio ainda era quase insuportável.

Passamos pelo quintal da casa, indo para um pequeno jardim aonde a neve tinha tomado conta. Não muito longe pudia se ver uma casinha vermelha, coberta de neve.

- Esse é o lugar aonde eu passei os primeiros natais aqui em casa -Joe disse, quando entramos na minúscula casa.

Era um local tão infantil, repleto de posters de super heróis, o que me impressionava, já que sempre imaginei o esconderijo dele como sendo um local cheio de revistas da Playboy e posters de loiras peitudas.

- Por que você ficava aqui?
- Eu era revoltado, sabe? Não gostava de ser o filho adotivo, me sentia... terrível -ele olhou para mim tão frágil, tão carente, que fez com que meu coração se apertasse- Mas com o tempo tudo se encaixou... e me sinto feliz agora -ele sorriu- Mesmo que eu não diga isso toda hora e seja um chato -ele passou um braço envolta da minha cintura- Você está, pelo menos, bem aqui conosco?

Tinha passado por tantas coisas naquele dia que tinha me esquecido de pensar em tudo o que acontecera nesse ano. Lembrara de mamãe, mas não tinha conseguido ficar triste com as lembranças.

- Sim. Obrigada, Joe.
- Ah Lovato -com uma mão ele tirou uma mecha de cabelo que estava caindo em cima de meu rosto, se aproximando mais de mim.

Estava nervosa, ansiosa. Meu coração queria sair pela boca. Meu estômago estava dançando macarena. Nem Nick tinha conseguido me deixar naquele estado.

Ah Joseph.

- Você me deixa maluco, Lovato -e rápido de mais para eu associar o que estava acontecendo, ele me beijou.

Consideraria aquilo como um milagre natalino.

Feliz natal para todo mundo, galerinha. Ia postar ontem mas acabou não dando tempo.

Respondendo os comentários:
Nessa Juro que vou tentar postar mais rápido, assim suas passadinhas diárias valerão a pena ;) Feliz natal
Laryssa Amorim Obrigadaaa <3 Feliz natal
Alessandrademi Obrigadaa e feliz natal ;)
Caah Santana Jelena ou Nelena? E Feliz natal ;)
Mirely Bonfim Ainda bem que você voltou a passar aqui! Juro que não sumo mais, vai lá terminar Still in love mesmo e depois me fale se curtiu ;) Feliz natal

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Skater Boy - Capítulo 26


- Ele o quê? -Selena disse, quase gritando.
- Ele convidou meus irmãos e eu para irmos passar o natal com a família dele -dei de ombros- Você sabe como ele e Justin são amigos.

Selena continuava pasma. Branca como uma folha de papel sulfite.

Ela estava passando quase todas as noites em casa comigo, depois de descobrir que eu estava quase desistindo de medicina. E, como sempre, lá estava ela no sofá da sala, com um belo pote de sorvete no colo, escutando minhas novidades do dia.

- Demetria, o garoto está curtindo você.
- Ele não curte ninguém, Selena -rolei os olhos- A não ser que a garota seja uma loira com belos e fartos seios. Mas, como você sabe, ele está que nem um cachorrinho atrás da senhorita Swift.
- Dane-se a Taylor. Foi você quem ele convidou.
- Por causa do Justin...
- O escambau! Ele está querendo o seu corpo... de novo -ela piscou para mim, maliciosamente- Então, você vai, né?
- Claro que não, Sel. Quero ficar aqui em casa e, no máximo, dividir um panetone com os meninos.
- Pare de ser idiota -ela largou o pote de sorvete para poder sacudir meus ombros- Se você não pegar Joseph, terá tempo de sobra para seduzir Nicholas. Levante essa bunda e vá dar um cata natalino, menina!
- Idiota -empurrei as mãos dela para longe de mim- Não irei ficar com ninguém.
- Não sabe o que está perdendo -dando de ombros, voltou a devorar seu doce gelado.
- E você, como vai Josh?
- Nem me fale nele.
- Por que?
- Ele é gay, Demetria. De verdade. Juro -ela me olhou, séria.
- Por que você diz isso? Viu ele ficando com outro cara?
- Não, mas eu abri minhas pernas, literalmente, para ele. E sabe o que ele fez? Nada! Exatamente nada! -novamente largando o pote, ela levantou as mãos para cima, em um belo ato de dramatização.

Se veterinária não desse certo na vida dela, com certeza Selena seria uma grande atriz de filmes dramáticos, ou teria grandes papéis como protagonista de novelas mexicanas. Conseguia vê-la perfeitamente como Maricruz Olivares em Coração Indomável. Josh seria o Octavio Narvaez.

- Talvez ele seja um desses caras raros que gostam de romance, e não de pegação sem compromisso.
- E esse tipo de homem existe? Ah faça-me o favor, Josh é gay e ponto -ela parou por um momento, pensativa- Por acaso eu sou feia?
- Não, Selena. Na verdade, se eu fosse lésbica, eu te pegaria fácil fácil.
- Obrigada -ela sorriu, convencida- Está vendo? Não há motivos para ele enrolar. Eu estou fácil, e não é isso o que os caras gostam? Uma mulher fácil e sem compromisso?
- Querida -segurei em seu rosto, antes que ela continuasse a tagarelar- o problema é você, está certo? É o jeito que você age, menina. Para de ser tão disponível, dê uma de difícil que ele vem correndo atrás de você.
- Mas eu quero ele... -ela gemeu, quase batendo o pé no chão como uma garotinha birrenta.
- Dane-se -larguei seu rosto- Você é um caso perdido.

Joguei meu corpo para trás no sofá, cansada.

Selena estava passando por uma longa crise de carência depois de ter terminado um namoro de um ano e meio com um garoto que fazia o ensino médico conosco. Eu já estava quase mandando uma mensagem para ele, fazendo com que ele voltasse com ela e apagasse esse fogo que estava crescendo entre as pernas dela.

- Você fala isso porque tem dois homens correndo atrás de você. Enquanto isso, eu estou aqui, quase virando bv de novo. Acha isso justo?
- Nada nessa vida é justo. Muito menos eu ter que te aguentar.

- Você de novo aqui, Selena? -Justin apareceu na sala, pronto para sair.
- Você de novo aqui, Justin? -ela o imitou, falando com uma voz fina, a qual ele tanto odiava.
- Um dia ainda te expulso daqui -ele murmurou, tentando controlar a raiva- Dem, vou sair com o Zac e o Joe. Volto antes da meia noite.
- Idiota -Sel murmurou de volta, fazendo meu irmão revirar os olhos.
- Por favor, volte cedo mesmo.
- Ah o Joe te falou? -ele me perguntou, antes de atravessar a sala para chegar até a porta de entrada.
- Falou o quê?
- Sobre passar o natal na casa dele. Ele convidou a gente. Harry aceitou, acho que ele quer falar com o irmão nerd do Joe, tenho quase certeza que o assunto é você -ele riu, debochando- Você vai também?

Harry vai fazer o que? Não, não acredito que ele vai ser capaz disso. Pelo amor, Nick e eu nem nos beijamos, e muito menos acho que iremos um dia nos beijar. Mais fácil Selena namorar Josh do que eu ter algo com Nicholas.

- Não, não vou. E nem Harry vai. Não quero micos.
- Sério mesmo que você não vai, Lovato? -Joe apareceu na porta, pronto para buscar Justin.

E lá estava Joseph Adam Jonas, parado na minha porta, vestindo aquela calça jeans preta justa que eu estava cansada de vê-lo vestido, uma blusa branca de gola "V" e um sobretudo azul marinho. Tão incrivelmente atraente.

Ah, Jonas.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Skater Boy - Capítulo 25


Ainda não estava acreditando na cena em que eu protagonizara com Joseph Adam Jonas.

Mesmo tantas horas depois daquilo ter acontecido, quando já estava jogada na minha cama.

Durante todo o tempo que se passou depois de nossa conversa, continuei pensando no que ele me dissera, e como ele me tratara.

Com toda a certeza do universo ele é bipolar. Puta garoto bipolar idiota. Sacana. Não iria me apaixonar por ele. Muito menos ouvir ele.

Porém a voz da razão falou mais alto, e por mais irônico que isso seja, a voz dela era, na verdade, a de Joseph, ecoando na minha mente.

Odiava isso.

Amava isso.

Talvez quem seja bipolar, na realidade, sou eu.

- Está tudo bem? -Harry entrou no meu quarto. Ato contínuo, sentou-se em minha cama, ao meu lado.
- Sim... e com você?
- Na mesma -ele sorriu, triste.

Justin estava, mais uma vez, na casa de Jennifer. Desde que nossa mãe morrera, ele vive lá. Jenn o trata tão bem, não me lembrava de sequer um segundo onde ela não estivera com ele desde o acidente. Estava tão feliz pelo o relacionamento dos dois.

- Quer comer alguma coisa? Posso te levar a algum restaurante, se você quiser.
- Não, Harry. Juro que eu estou bem.
- Demetria, te conheço desde quando você não passava de um feijão. O que está acontecendo com você? -ele passou a mão pelos cabelos, que já estavam na altura dos ombros. Meu Tarzan.
- Estava pensando em desistir de medicina... quem sabe partir para engenharia química? Sei lá! Só quero esfriar a minha cabeça, talvez ir morar com o papai...
- Papai? -Hazza levantou da cama, nervoso- Ele mau se importa com nossa existência, faça-me o favor, e que história é essa de desistir?
- Eu não sei o que fazer, tá legal? Eu não sei! -levantei da cama também, já aumentando o volume da minha voz- Preciso sair... esfriar a cabeça...
- Dem...
- Só me deixa sozinha, tudo bem? -o interrompi, já saindo do quarto, decidida- Voltarei cedo. Não se preocupe.

E entre as ruas movimentadas de Nova York, encontrei o meu sossego, a minha paz.

Olhando por todas as vitrines das lojas enfeitadas para o Natal, e para todas crianças contentes em fazer cartas para o Papai Noel e ansiosas pelos primeiros flocos de neve, esqueci a tristeza que estava me perseguindo há dias.

Amava o Natal mais que tudo. A melhor época do ano. Inconscientemente já cantarolava All I Want For Christmas Is You. Tudo isso me fazia me lembrar de mamãe, mas eram lembranças tão felizes, que, logo, não conseguia lamentar sua perda. Apenas ficar feliz por termos tidos tantos momentos incríveis.

- Mas que merda! Olha por onde anda! -no meio de meus devaneios, acabei esbarrando com um moreno que estava segurando várias sacolas.
- Me descul... Joseph? -parei meu olhar em seu rosto, surpresa por vê-lo tão... natalino em um suéter verde estampado com várias renas. Tão brega quanto usar chinelo com paletó.
- Tinha que ser você, Demetria.

Escroto! Idiota bipolar!

Nunca conseguiria manter uma boa imagem dele em minha cabeça se Jonas continuasse a ser um escroto depois de me tratar bem.

- Me desculpa -sussurrei, já sem forças para brigar com ele no meio de uma rua movimentada, e virei para ir embora.
- Como você está? -ele me segurou pelo braço, fazendo com que eu voltasse a olhar em seus olhos.
- Es...tou muito bem -respondi sem jeito, odiava contatos repentinos.
- Pensou no que eu te disse hoje cedo? Você não vai desistir, né? -e então ele percebeu o quão vidrada eu estava em seu suéter de tricô. Aquelas malditas renas me chamavam tanto a atenção- Foi a minha vó -ele riu, rouco- Foi um presente adiantado de natal. Mas se você acha que o meu é terrível, é porque ainda não viu o de Kevin. Dani foi a única da família que saiu ilesa dessa tradição -ele sorriu.

Eu ainda estava em choque, eram muitas coisas para assimilar. Joe vestindo um suéter ridículo. Joe sendo legal. Os olhos de Joe. O contato de Joe. Joe falando de sua família, e sem comentários irônicos ou viradas de olhos de escárnio. Joe sorrindo pensando na família. Joe falando na vovó Jonas.

Meu Deus do céu, o que aquele homem é na verdade? Um escroto idiota? Um ogro que, no final das contas, é um príncipe? Preciso de um sinal do céu para desvendar esse garoto.

E, o mais importante, o que os Jonas tinham que me atraía tanto?

- Poxa, não é um suéter tão ruim assim -foi tudo o que eu consegui dizer, e foi o que me fez ficar com vergonha de ter dito, depois de receber uma longa risada como resposta.
- Ah, Lovato, só rindo para não chorar. Você não tem noção da bagunça que está lá em casa nesse clima de festa. Aliás, o que você vai fazer no feriado do papai noel?
- Dormir, provavelmente.
- Seus irmãos não farão nada? Nem seu pai?
- Meu pai tem outra família -dei de ombros- E não sei se estamos no ânimo de fazer alguma coisa esse ano...
- Para com isso. Por que vocês não comemoram com a gente? Assim posso dividir a dor de cabeça que o natal me causa -ele piscou para mim.

Sério mesmo, esse garoto tem sérios problemas. Ele deve ter caído do berço quando nasceu. Ou ter algum tipo de transtorno de personalidade. Alguém precisa levar esse ser pro manicômio, pelo amor!

- Ahn... eu vou pensar sobre isso...

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Skater Boy - Capítulo 24


Por um breve momento fiquei feliz por Joseph estar falando comigo. Mas, em questão de segundos, veio a raiva. Raiva de ver ele, sendo escroto novamente, e querendo controlar a minha vida, assim como faz com meu irmão.

- Não é da sua conta, na boa, Jonas -tentei me desviar dele, sem obter sucesso.
- O que você está pensando em fazer, Lovato? -ele pareceu ignorar completamente a minha raiva.

Estava frustrada por não conseguir fazer com que ele ficasse bravo comigo e nós brigássemos.

- Preciso ir na administração, apenas. Agora, por favor, saia da minha frente, okay?
- Sabe, eu estava ontem na cozinha procurando algo para comer, quando ouvi Nicholas comentando com Kevin que você está pronta para desistir de medicina. É isso o que você vai fazer, Demetria? Desistir como uma fraca? -abaixei a cabeça, com vergonha da minha desistência.

Fiquei puta por ele ter me chamado de fraca. Mas eu era mesmo fraca. Estava pronta para me render, isso fazia de mim uma perdedora, não?

- Lovato, olha para mim -ele segurou meu queixo, firme, fazendo com que eu olhasse em seus olhos- Não faça isso. Ser médica é seu sonho, não? -apenas concordei com a cabeça, o que não rendeu muitos movimentos, já que ele ainda estava segurando meu queixo.
- O que adianta eu continuar com isso e virar uma pessoa fria como você?

Joe me olhou surpreso.

Não esperava por essa, né, garotão?

Soltando meu queixo, ele continuou me olhando surpreso, e perplexo.

- Eu sei sobre a sua mãe -continuei. Pude ver a dor em seus olhos- Jonas, eu não quero me tornar uma pessoa fria.
- O que você sabe? -ele me fitou, sério.
- Que ela morreu quando você era bem novo. Que os pais do Nick te adotaram.

Ele passou a mão pelos cabelos, pensativo.

Será que eu estava cutucando uma ferida que não tinha se cicatrizado ainda?

Engoli seco, torcendo para que ele não ficasse triste. Sabia como aquilo doía. Ah, como eu sabia.

- Eu tinha sete anos, na verdade. Foi terrível, Lovato, foi cruel de mais -ele me puxou para longe da movimentação de alunos do campus- Fora meu pai -ele pronunciou "pai" com uma cara de desgosto e nojo- quem fez isso. Ele se matou logo em seguida. Fiquei uns nove meses no orfanato, já que eu não tinha mais ninguém vivo da minha família biológica, até os Jonas me encontrarem -ele sorriu para mim- Não precisa me olhar com essa cara de pena. Eles foram incríveis, me deram um recomeço, um sobrenome, uma família.
- Joseph, eu não...
- Está tudo bem, Lovato.

Pela primeira vez desde que eu o conheci, vi ele sorrindo de verdade, feliz mesmo.

- Não desisti do meu sonho de ser skatista, sempre quis ser isso, desde meus quatro anos. Não desisti nem quando sofri um acidente em um campeonato, quando estava pronta para ganhar. Você devia aprender com isso, Lovato.

Fiquei encarando ele, desconfiada. Seria Joseph ou uma alucinação minha? Por quê ele estava agindo assim comigo? Ele me odeia, não?

- Obrigada pelo conselho, Jonas -ainda desconfiada, tentei me afastar dele.
- Lovato -Joe segurou me braço- Não desista, por favor. Nicholas vive falando em como você será uma médica incrível. Pelo menos, pense mais um pouco sobre isso. Você vai perceber que é melhor você se manter ocupada com alguma coisa, focada, para parar de ficar em luto.
- Obrigada, de verdade, Jonas.

Então, Joe me soltou, mas eu queria continuar ali. Queria aproveitar enquanto o lado bom dele estava aparecendo. Gostava do Joseph Adam Jonas bom. Odiava quando ele se transformava em Gargamel.

- Jonas, posso te fazer uma pergunta?
- Você já está fazendo -ele sorriu, irônico- Tudo bem, faça.
- Por que você está assim? Sendo... bom?
- Adoro seu irmão -ele disse, sincero- E você me lembra de como reagi. Demetria, tente negar, mas saiba que você se parece muito comigo -Joe piscou para mim, e se afastou antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa.

Mas o que aquele idiota estava fazendo comigo?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Skater Boy - Capítulo 23


Depois que Ashley foi embora, continuei pensando sobre Joseph. O que ele tinha passado o que ele tinha me falado. Se ele acha que Justin deve continuar indo à maldita pista de skate, então ele deve estar certo, ele já tinha passado sobre isso para saber o que nós deveríamos fazer ou não.

Justin estava em seu quarto, deitado na cama com os olhos fechados e fones de ouvido, escutando à algum rapper no último volume. Chutava que era Drake.

- Mané -dei um tapa leve em sua perna, mas ele não me respondeu- MANÉ! -ato contínuo, dei um soco na barriga dele.
- IDIOTA! -ele gemeu, se contorcendo na cama de dor. Pelo menos ele tirou o fone de ouvido.
- Preciso falar com você.
- Demetria, você quase me matou -ele olhou indignado para mim- De verdade. Doeu.

Ignorei suas reclamações e sentei ao seu lado na cama.

- Joe veio falar comigo hoje.
- De novo ele? O garoto não tem mais nada pra fazer da vida?

Ignorei meu irmão novamente.

- Ele falou que você não está indo mais brincar de skate.
- Brincar -ele rolou os olhos- Não é uma brincadeira -ele abaixou a cabeça.
- Então por que você não vai mais lá?
- Não tenho vontade -ele deu de ombros, ainda olhando para baixo.
- Não é seu sonho ser um grande skatista?
- É... 
- Então não desista -fiz com que ele olhasse para mim- Não desista, Justin.
- Mas, Demi...
- Sem "mas". Na boa, eu sei que você está triste e não tem mais motivos para continuar em frente, porém, deixe isso com tempo. Foque apenas nos seus sonhos agora.
- Você me apoia?
- Eu te apoio! 

Era difícil ver Justin tão frágil. Tão indefeso. Nunca tinha visto ele desse jeito. Nem no hospital, lá ele era um cara tão forte, que ajudou tanto Harry como eu. 

- Mamãe não queria que eu fosse skatista -ele riu, triste, e olhou para mim- Queria que eu fosse engenheiro mesmo. Queria que eu fosse um orgulho, assim como você, quando decidiu ser médica.
- Mamãe te amava e apoiava tanto quanto fazia comigo.
- Mas você sabe que uma médica na família vale mais que um skatista -ele piscou para mim, rindo.

Mau ele sabia que logo eu não estaria mais fazendo medicina.

Estava cagando e andando para ser médica.

No dia seguinte, continuei com a mesma má vontade na faculdade. Estava sim bem decidida a trancar o curso. Conseguia aconselhar Justin mas não encontrava uma solução para mim mesma.

Mas a surpresa aconteceu quando eu estava decidida a ir no prédio da administração, pronta para trancar de vez.

- Aonde está indo, Lovato? -Joseph apareceu em meu caminho, me impedindo de fazer o que eu estava pensando em botar em prática há dias.


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Skater Boy - Capítulo 22


No dia seguinte, na faculdade, queria o máximo de distância de todos.

Até de Harry.

Até de Nicholas.

E pensava que meu recado estava dado quando ignorei todos que tentaram falar comigo. Mas Joseph, sendo escroto como sempre, fez questão de ultrapassar os limites de minha paciência, e a barreira que eu tinha criado envolta de mim para aguentar o que eu estava considerando como meus últimos dias no curso de medicina.

- Demetria, preciso falar com você -Joseph Jonas me puxou pelo braço quando estava saindo da sala para buscar um suco na cafeteria.

Pude perceber que Selena estava perto de nós, tentando fazer alguns gestos para ele calar a boca e deixar eu ficar em paz, curtindo a minha solidão e o luto por um tempo.

Jonas apenas se deu o trabalho de levantar o dedo do meio para ela, que entrou em um longo estado de indignação.

- Que foi? -deixei ser conduzida até a saída do meu prédio de aulas, para um lugar aonde estivesse menos pessoas possível.
- Seu irmão. Fale com ele.
- O que ele aprontou dessa vez? -deixei escapar um suspiro derrotado. Estava cansada demais para lidar com mais drama, ainda mais os dramas causados por Justin.
- Ele não está indo mais para a pista -Joe disse, em um tom irritado.

Caí na risada. Uma risada gostosa e debochada. Aquele infeliz me interrompe para falar isso? Pelo amor, desse jeito nem parece que nós tínhamos acabado de perder nossa mãe. Justin nem tem cabeça pra sair de casa agora, muito menos pra ficar brincando de skate com os amiguinhos idiotas dele.

- Por que está rindo? -ele me encarou, sério. Quase pude ver em seus olhos a vontade que ele tinha de me estraçalhar em mil pedaços.
- Joseph, você acha mesmo que Justin é obrigado a ir brincar com vocês agora? Não sei se você sabe, mas nossa mãe morreu. Ah, você sabe sim, você estava no hospital até -tentei fazer com que minha frase tivesse o máximo de ironia possível. Ironia e sarcasmo já estavam virando meus melhores amigos.
- Brincar? Caralho, Demetria! Pare de ser idiota! Estou falando sério! -ele até que tentou controlar o volume de sua voz, mas poderia garantir que a universidade inteira parou para assistir nossa briga de camarote.
- Olha, não quero discutir com você. Estou indo pegar um suco, não me atrapalhe, tá legal? -tentei me afastar dele, mas, sendo mais ágil que eu, segurou meu pulso.
- Lovato -ele continuou segurando meu pulso, olhando em meus olhos- Eu sei como dói perder alguém, mas vocês não podem parar de viver. Ele não pode desistir dos sonhos dele. Muito menos você -dito isso, me largou. E, logo, senti saudade de seu toque, da segurança inconsciente que eu sentia ao lado dele. Só pudia dizer que talvez eu estivesse louca.

Naquele momento achei que ele estava dizendo mais uma de suas tolices, e refletindo o sonho dele em Justin. Porém, algumas horas mais tarde, quando Ashley apareceu na minha casa após Jennifer sair com Justin para tentar levantar seu astral, entendi tudo.

- Fiquei sabendo de umas coisas através do Zac.

Ash estava jogada no tapete da sala, comendo Doritos. Eu estava deitada no sofá, concentrada no pote de sorvete de flocos que ela me trouxera da nossa sorveteria predileta.

- E é sobre Joe -ela continuou.
- Não quero saber dele.
- Acho que você vai se impressionar ao saber -ela se sentou, animada- Que ele é adotado.
- Oi? -sentei-me também, tão impressionada como surpresa- Quero dizer, sempre brinquei que ele é tão diferente de Nick que só pode ser adotado. Mas nunca levei isso a sério mesmo.
- Pois é, gata. Nick, Kevin e Frankie são filhos biológicos, mas Joe não. Zac disse que ele não fala muito sobre a mãe biológica dele, só que ela morreu quando ele tinha uns seis anos de idade.
- Por isso que ele é o filho mimado da família -murmurei- E é por isso que Nick e ele disseram que sabem o que é lidar com alguém que perder uma pessoa querida -caí na real, ainda surpresa.
- E você ainda não sabe de nada -ela tentou criar um ar misterioso- Ele sofreu um acidente numa final de um capeonato de skate há poucos anos atrás, quase desistiu dessa ideia de ser um grande skatista.
- Deve ser por isso que ele projeta os sonhos no meu irmão também -concluí- Mas o que ele e Justin tem em comum? Ele já tratava meu irmão assim antes de nossa mãe morrer.
- Isso Zac não disse -Ash deu de ombros- Pelo menos sabemos mais um pouquinho do nosso garoto problema.

Voltei a me deitar no sofá. Tão intrigada e surpresa. Queria tanto abraçar Joe e falar que estava tudo bem. Será que ele tinha me tratado tão bem no hospital por causa disso? E quanto ele deve ter sofrido?

Não conseguia mais odiá-lo.

Mesmo que ele ainda fosse um escroto com "e" maiúsculo.

Turminha, desculpa a demora. Mas, agora que vests já acabaram (e eu to na certeza que não passei pra nenhuma segunda fase) voltarei a postar normalmente ;)