Por um breve momento fiquei feliz por Joseph estar falando comigo. Mas, em questão de segundos, veio a raiva. Raiva de ver ele, sendo escroto novamente, e querendo controlar a minha vida, assim como faz com meu irmão.
- Não é da sua conta, na boa, Jonas -tentei me desviar dele, sem obter sucesso.
- O que você está pensando em fazer, Lovato? -ele pareceu ignorar completamente a minha raiva.
Estava frustrada por não conseguir fazer com que ele ficasse bravo comigo e nós brigássemos.
- Preciso ir na administração, apenas. Agora, por favor, saia da minha frente, okay?
- Sabe, eu estava ontem na cozinha procurando algo para comer, quando ouvi Nicholas comentando com Kevin que você está pronta para desistir de medicina. É isso o que você vai fazer, Demetria? Desistir como uma fraca? -abaixei a cabeça, com vergonha da minha desistência.
Fiquei puta por ele ter me chamado de fraca. Mas eu era mesmo fraca. Estava pronta para me render, isso fazia de mim uma perdedora, não?
- Lovato, olha para mim -ele segurou meu queixo, firme, fazendo com que eu olhasse em seus olhos- Não faça isso. Ser médica é seu sonho, não? -apenas concordei com a cabeça, o que não rendeu muitos movimentos, já que ele ainda estava segurando meu queixo.
- O que adianta eu continuar com isso e virar uma pessoa fria como você?
Joe me olhou surpreso.
Não esperava por essa, né, garotão?
Soltando meu queixo, ele continuou me olhando surpreso, e perplexo.
- Eu sei sobre a sua mãe -continuei. Pude ver a dor em seus olhos- Jonas, eu não quero me tornar uma pessoa fria.
- O que você sabe? -ele me fitou, sério.
- Que ela morreu quando você era bem novo. Que os pais do Nick te adotaram.
Ele passou a mão pelos cabelos, pensativo.
Será que eu estava cutucando uma ferida que não tinha se cicatrizado ainda?
Engoli seco, torcendo para que ele não ficasse triste. Sabia como aquilo doía. Ah, como eu sabia.
- Eu tinha sete anos, na verdade. Foi terrível, Lovato, foi cruel de mais -ele me puxou para longe da movimentação de alunos do campus- Fora meu pai -ele pronunciou "pai" com uma cara de desgosto e nojo- quem fez isso. Ele se matou logo em seguida. Fiquei uns nove meses no orfanato, já que eu não tinha mais ninguém vivo da minha família biológica, até os Jonas me encontrarem -ele sorriu para mim- Não precisa me olhar com essa cara de pena. Eles foram incríveis, me deram um recomeço, um sobrenome, uma família.
- Joseph, eu não...
- Está tudo bem, Lovato.
Pela primeira vez desde que eu o conheci, vi ele sorrindo de verdade, feliz mesmo.
- Não desisti do meu sonho de ser skatista, sempre quis ser isso, desde meus quatro anos. Não desisti nem quando sofri um acidente em um campeonato, quando estava pronta para ganhar. Você devia aprender com isso, Lovato.
Fiquei encarando ele, desconfiada. Seria Joseph ou uma alucinação minha? Por quê ele estava agindo assim comigo? Ele me odeia, não?
- Obrigada pelo conselho, Jonas -ainda desconfiada, tentei me afastar dele.
- Lovato -Joe segurou me braço- Não desista, por favor. Nicholas vive falando em como você será uma médica incrível. Pelo menos, pense mais um pouco sobre isso. Você vai perceber que é melhor você se manter ocupada com alguma coisa, focada, para parar de ficar em luto.
- Obrigada, de verdade, Jonas.
Então, Joe me soltou, mas eu queria continuar ali. Queria aproveitar enquanto o lado bom dele estava aparecendo. Gostava do Joseph Adam Jonas bom. Odiava quando ele se transformava em Gargamel.
- Jonas, posso te fazer uma pergunta?
- Você já está fazendo -ele sorriu, irônico- Tudo bem, faça.
- Por que você está assim? Sendo... bom?
- Adoro seu irmão -ele disse, sincero- E você me lembra de como reagi. Demetria, tente negar, mas saiba que você se parece muito comigo -Joe piscou para mim, e se afastou antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa.
Mas o que aquele idiota estava fazendo comigo?
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