Skater Boy - Capítulo 3

- O que aconteceu, menina? -Selena abriu a porta da casa, e todas as meninas me puxaram para dentro, curiosas.
- Vocês têm que me ajudar. Para resumo de toda a confusão que iremos nos meter: Harry e eu estávamos seguindo Justin, achamos que ele está usando drogas, mas Tarzan não conseguiu muita coisa dando uma de Sherlock. Aqui é a parte em que nós, garotas detetives stalkeadoras, entramos. Vamos montar um planinho legal para vermos o que Just anda aprontando por aí.
- Demi, você acha mesmo que ele está usando... entorpecentes? -perguntou Ash. Ah nossa mocinha inocente que sempre acredita na bondade alheia...
- Ele está andando com um pessoal estranho e está agindo diferente. Além de drogas, o que mais eu poderia pensar?
- Sei lá, talvez ele esteja passando por aquela fase de adolescente rebelde agora. Acalme o ânimo e deixe o menino curtir isso -Miley deu de ombros e Jenn estapeou seu ombro.
- Ele está em perigo. Temo que ajudá-lo. Sabe aquele grupo de narcóticos anônimos? Conheço um muito bom aqui na cidade e...

Tá bom, Jennifer. Também não é assim. Achar é uma coisa, constatar é outra bem diferente. Até porque meu irmão não está envolvido com nada disso, certo?

- Calma! Não quero pensar que ele está realmente fazendo algo assim. Só quero investigar isso mais a fundo. Você ajudarão ou não?
- Estamos dentro -elas responderam em uníssono.
- Vocês não têm nada de importante na aula de amanhã, certo?

(...)

- Não quero participar disso -disse Harry, mas puxei-o para fora de faculdade mesmo assim.

As meninas e eu tínhamos bolado um super plano armadilha ontem em nosso sleepover. Um pouco antes de Selena colocar Em Chamas para assistirmos pela nonagésima vez. As meninas me ajudaram a pensar no que eu poderia fazer para conseguir uma confirmação do que eu estava pensando, mas, como não queria envolvê-las numa crise familiar, achei melhor fazê-las ficar na faculdade, enquanto Harry e eu vamos seguir Justin, gravando toda a nossa perseguição para, mais tarde, servir como uma prova valiosa.
Como sempre, Justin nem chegou perto de entrar em sua sala. Juntou-se aos meninos que ele chama de amigos e começaram uma caminhada pelas ruas de Nova York. Não que eu nunca tivesse percebido os amigos dele, mas olhando agora cada detalhe deles, enquanto nós os stalkeamos, posso até deixar escapar que eles são gatinhos. Não gatinhos do tipo que eu namoraria, mas do tipo que te faz babar enquanto está em uma aula tediosa sem nada para fazer.
Harry disse que eles estavam fazendo o mesmo caminho de ontem, para o prédio esquisito. Dessa vez, eu teria que fazer de tudo para entrar nele também. Nesse ponto do jogo, já nem sei porque estou fazendo medicina, poderia ser muito bem uma detetive particular. Usando Harry como capacho, óbvio.

Como previsto, eles entraram de novo no prédio, o bar conhecido pelas substâncias ilícitas ao lado. Ficamos parados em frente do portão, pensando em como faríamos dali para frente. As meninas tinham opinado que se isso acontecesse, bastaria eu apenas pular o muro, mas um monte de garotos que estavam numa pista de skate próxima ficaram me encarando. Talvez eu consiga sorte com eles.

- Fique aqui, não faça nada. Seja apenas parte da paisagem -alertei Harry.
- O que você vai fazer?
- Só fica aí e não saía até que eu diga que sim -aproximei dos skatistas, como quem não quer nada, e me juntei à um grupo que parecia estar mais interessado no que eu, uma garota que poderia ser facilmente identificada como patricinha, estava fazendo ali, no meio de tantos garotos e algumas garotas com algo que eu só poderia reconhecer como street style.
- O que a gata quer? -sério mesmo que ele me chamou de gata? Ai que nojo.
- Estava querendo visitar um amigo, sabe... um grande amigo. Mas o portão do prédio está trancando, e não vi sinal de nenhum porteiro ou uma portariazinha... -ele quase caiu no chão de rir. Talvez estivesse confirmando que eu sou uma patricinha. Ah inocente.
- Aqui não temos portaria, ou porteiro. Mas se você quer entrar lá, posso te ajudar -ele sorriu, malicioso- Só tem um custo...
- E qual seria? -antes que ele se aproximasse mais de mim. Harry veio ao resgate. Droga, Harry. Esse seria nosso passe livre a caminho de batermos no Justin e termos motivo para isso.
- Deixa a menina quieta -Harry se meteu no meio de nós dois. Só Deus sabe como é difícil levar um namorado para casa por causa do protecionismo dele, imagina ser assediada no meio da rua.
- Acho que não posso te ajudar mais, gata -ele recuou, e eu quase quis agradecer e, ao mesmo tempo, espancar Hazza.
- Cara, eu preciso mesmo de ajuda -afastei Harry e fiquei mais perto do garoto, que se espantou quando ouviu o termo "cara" sair da minha boca. Achava mesmo que eu era patricinha?- Meu irmão está lá dentro, preciso falar com ele. Por favor -ele continuou me encarando, sem respostas. Até que respirou fundo.
- Parece ser importante. Posso te ajudar, mas só se você disser quem é seu irmão?
- Justin. Justin Drew Lovato. Conhece? -respondeu Harry. E logo pude perceber que ele ainda estava querendo dar uma de irmão protetor. Acalma as tranças, Rapunzel.
- Conheço o garoto. ELES ESTÃO ATRÁS DO JUSTIN! -o menino gritou para os outros, que riram em uníssono. Fiquei apenas olhando para eles com cara de pamonha. O que será que o maldito anda aprontando? Será que o vicío já está causando algo mais extremo? Droga, mamãe enlouquecerá quando souber que seu querido filhote anda se metendo em encrenca. Droga, Justin, droga.

O garoto, que agora eu já sabia o nome, Zac Efron, me guiou para dentro do edifício. Não sabia se perguntava o que meu irmão anda aprontando por lá, mas ele parecia estar divertido com a situação. Já tirara sarro da cara de Harry umas quinhentas vezes, sem contar os flertes descarados que eu já tinha levado. Se eu não dependesse dele, já teria dado um pelo de um tapa corretor de respeito ao próximo.

- Voilà! -ele apontou para uma porta cinzenta- Podem entrar. Sintam-se em casa -e se afastou de nós. Como quem prevê uma longa discussão. Droga, Justin, droga.

Esperei que Harry, meu macho alfa, tomasse o fôlego para abrir a porta. Enquanto me preparava mentalmente para aqueles apartamentos de dependentes químicos, sabe? Tudo sujo, frascos e seringas jogados pelo chão, restos de comida com mofo... Mas não foi bem assim, o apartamento era bem arrumadinho, masculino, porém confortável de estar. E lá estava Justin, na companhia de um moreno que, em outras circunstâncias, teria achado um belo partido, mas, naquele momento, só me focava em meu irmão me olhando com o olhar mais assustador que eu já tinha visto no mundo.

- O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO AQUI? -ele pulou do sofá, e o moreno pausou o vídeo que passava na televisão.
- Te... te... se... sabe.... seguin...do -fechei os olhos e esperei a explosão de Drew começar.
- PORRA, QUE NEGÓCIO DE SEGUIR É ESSE? NÃO POSSO TER MAIS VIDA? MAS QUE MERDA. E VOCÊ HARRY, FALE ALGUMA COISA. SE BEM QUE DEMETRIA JÁ FALOU TUDO. O QUE VOCÊS ESTAVAM QUERENDO?
- Ah... pensávamos que você estava metido em... drogas -Harry tentou falar calmo, mas não conseguiu esconder o susto em sua voz- Mas, claramente, vemos que você é um garoto exemplar, só está namorando um cara. Porém, você sabe que super apoio, né? Tipo, sem preconceito algum. Somos irmãos e sempre estarei ao seu la...
- NÃO ESTOU NAMORANDO UM CARA!
- Ele não faz o meu tipo -o moreno arriscou brincar. Cara, se eu fosse você, nem tentava entrar nessa discussão familiar. Esporros rolam pra todos os lados.
- Justin, por favor -tentei me expressar calmamente, talvez assim, todos se acalmariam também- Explique para nós o que está ocorrendo. Só estávamos preocupados com você, estava agindo estranho, nem parecia nosso irmão. Logo concluímos, erroneamente, que você estava envolvido com algo. Queríamos apenas agir como irmãos protetores. Mas foi totalmente errado te seguir, eu admito -Justin respirou fundo e se sentou novamente no sofá, empurrando o moreno para fora e convidando Harry e eu para sentarmos com ele.
- Desculpa, tá legal? Estava com vergonha de dizer para vocês que estou tentando ser skatista profissional, e que quero largar a faculdade -ele quer o quê? Antes que eu começasse uma discussão sobre como idiota ele estava sendo (tipo, skatista profissional? Aham, grande futuro tu tens pela frente, lindo) Harry apertou a minha mão e pediu para Justin prosseguir- Estou aprendendo com esses caras, Joe -ele apontou para o moreno, que nos olhava com tédio. Ah que moleque abusado- sempre me traz para cá, apartamento dele, para me mostrar vídeos de grandes manobras, e depois me ensina lá na pista.
- Mas e aquele bar aqui perto? -Hazza arriscou em perguntar.
- O famosinho? -Joe entrou na conversa. Mau te conheço Joe, mas já te odeio pakas- Só vamos lá pra pegar alguns refrigerantes de graça. O dono curte a gente -ele disse com ar orgulhoso. Garoto idiota- Não achava mesmo que seu irmão estava se drogando?
- Olha, me desculpa, tá? -passei um braço envolta do pescoço de Justin, ignorando Joe, o idiota- Nós fizermos merda. Devíamos ter te perguntado primeiro. E sobre o sonho de ser skatista... -Harry fez um sinal discreto, como quem diz "deixa o menino sonhar"- Nós super apoiamos, viu? -Justin sorriu e nos abraçou.
- Nunca falem pra ninguém que eu estou agindo amorosamente com vocês, tá certo? Uma vez a cada dez anos apenas -Harry gargalhou com Justin. Apenas pude sorrir. Acho que meu irmão está de volta. Mas ainda precisava conversar com ele.

Justin nos apresentou para vários "brothers". E Joe continuou pegando em nosso pé. Garoto chato. E então, voltamos para casa, juntos.
Depois de um belo de um banho, fui para o quarto de meu maninho skatista, que estava deitado em sua cama, mandando algumas mensagens pelo celular.

- Posso falar com você?
- Já vai me encher a paciência de novo -ele rolou os olhos. Bipolar.
- Sobre esse sonho de ser skatista... é verdade? -ele se sentou na cama, sério.
- Sim. Quero largar a engenharia.
- Seus amigos largarão a faculdade também?
- Sim.
- Uhm... -queria que ele entendesse que uma coisa é ser sonhador. Outra é ser estúpido o suficiente para largar o ensino superior por um sonho impossível. Seria igual a eu largando medicina por uma vida de atriz que nunca decolaria- Olha, vamos fazer um trato? Você continua na faculdade, tenta faltar menos, e eu te ajudo em tudo o que você precisar com esse lance de skatista. Sei que você vai começar a precisar de umas rodinhas novas de vez em quando, e daquele negócio de madeira que faz o skate ser o skate.
- Aquele negócio de madeira? -ele começou a rir a ponto de ficar vermelho- E como você pretende me ajudar com isso?
- Nunca que mamãe te dará dinheiro se você não está fazendo faculdade. Muito menos o papai. E, você sabe, sou a princesinha de casa... uma futura médica que dá um certo orgulho para todos... consigo fácil fácil todo o dinheiro que você precisa pra investir nessas coisas.
- E a única condição é eu continuar na faculdade?
- E sem faltar tanto assim. Você está por um fio de ser expulso de lá -ele ficou quieto por poucos minutos. Pensando.
- Preciso de um shape novo. Consegue isso até o final de semana?
- Então temos um acordo? -sorri. Contente comigo mesma pela minha proeza. E, acima de tudo, minha inteligência.
- Temos -estendi a mão para ele apertar, mas antes que ele fizesse isso, ele cuspiu na dele. Trato de cuspe? Ai que nojo.
- Você não vai fazer isso. Me recuso.
- Não é um trato, então.
- Nojento. Escroto. Miserável.