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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Skater Boy - Capítulo 15


Estava seguindo em frente.

Não tinha prestado atenção na aula. Primeiro estava pensando em Joseph, em como nossa briguinha estava se tornando infantil. Ele era infantil, desde o momento em que ele me dera o fora -mesmo que eu brigasse com todos, recusando a aceitar que fora ele quem deu o fora- mas seria eu quem iria parar as discussões. Iria conversar com Justin sobre tentar manter Joseph longe do meu campo de visão e da minha vida. E em segundo lugar: Nick estava muito quieto, nem tínhamos nos falado hoje. Será que eu tinha feito algo errado? Ou será que Joe disse algo à ele?

- Oi -quase corri quando o período terminou para conseguir alcançar Nicholas.
- Olá -ele sorriu- Como foi a noite das garotas?
- Legal -e se seguiu longos minutos em pleno silêncio constrangedor.

Como tínhamos tido uma tarde incrível e agora parecia estar tudo tão estranho?

- Como foi a aula de vocês? -Selena apareceu. E aquela vontade de esganá-la, após ter me deixado na mão com o Joseph, sumiu. Ela tinha salvo mais alguns minutos silenciosos que se seguiriam até Nick e eu chegarmos na saída do edifício.
- Boa -respondi. Não sabia se tinha sido realmente boa. Minha presença naquela sala foi apenas física durante todos os momentos- Como foi a sua?
- Sabe como é veterinária, né? Você entra achando que vai mexer só com cachorros fofos, mas aí a aula acaba sendo sobre parto de animais de grande porte. Imagine eu colocando meu bracinho delicado na bunda de uma vaca? Já imaginaram isso? Será um desastre! -Selena levantou as mãos, em dramatização.
- O lado positivo é que você não tem aula em uma sala cheia de pessoas mortas entupidas de formol -murmurei, lembrando da dor de cabeça e o enjoo que me persegue toda vez que entro na sala das aulas de anatomia.
- Não é tão ruim assim -Nick sorriu para mim, divertido com a situação.
- Às vezes eu fico só pensando se eu escolhi o curso certo -Miley disse, quando a encontramos na saída- Oi, Nick -ela o cumprimentou como se já fossem amigos. Nick olhou para mim, em busca de uma resposta para a intimidade que Miley já havia criado entre eles. Apenas dei de ombros.
- Miley, não sei quantas vezes já disse que você tem mais cara de advogada do que biomédica -Selena resmungou, ainda dramatizando o parto que ela ainda nem realizou.
- Já ouvi um milhão de vezes, Selena. Já estou cansada da minha voz da consciência ser, na verdade, você... Aliás, aquele não é o seu irmão, Nick?

Miley apontou para Joseph conversando com Taylor. Poderia classificá-la como a peguete que durou mais tempo, quase uma semana com ela! Mas, para uma simples ficada, até que ele estava bem animado. Estava gesticulando e rindo exageradamente como um moleque idiota na frente do primeiro amor. Estava mais ridículo do que Selena indo atrás de Josh.

- É -disse Nick, ainda olhando Joseph- Ele anda falando muito sobre ela. Não suporto mais. Dizem que ela é insuportável, até Zac disse.
- Garotos idiotas preferem garotas superficiais -falei, tentando controlar meu nervosismo. O que será que Joe tinha visto nela? Ela era loira, um ponto extra, já que sabia muito bem que o grande fetiche dele eram as loiras- Aliás, alguém viu Justin? -tentei mudar de assunto, não queria continuar vendo Joseph tentando seduzir a srta. Swift.
- Jennifer estava indo conversar com ele, melhor a gente nem atrapalhar os dois -My disse, sem tirar os olhos do casal futilidade em pessoa.
- Eu não sabia disso -Selena falou, me representando. Nunca sabíamos como Miley consegue saber todas as fofocas do grupo e, até mesmo, da faculdade inteira. E olha que o nosso campus era enorme.
- Ela falou hoje de manhã, antes de ir pro prédio de humanas com a Ashley. Eu deveria estar lá com elas, cursando direito também -ela começou a divagar sobre sua escolha profissional novamente. Já não bastava termos aguentado isso nos três anos de ensino médio.
- Já tenho que ir.

Por um momento eu esqueci que Nick ainda estava lá com a gente. Culparia o choque de saber que Jenn poderia estar se declarando para Justin. Mas, a realidade era totalmente outra, estava tentando usar minha visão periférica para funcionar. Queria ver se Joseph Jonas estava conseguindo fisgar a loirinha da vez.

- Até segunda então? -me virei para ele.
- Que tal você ir em casa no domingo? Posso te ajudar com a matéria, você me pareceu bem perdida hoje.

Mau ele sabia que o irmão dele foi um dos motivos que me fizeram ficar dispersa a aula inteira.

- Não estou te ocupando de mais? Não quero que você se sinta no dever de me ensinar -Selena e Miley se entre olharam. Onde está a privacidade nesses momentos?
- Não me sinto obrigado a fazer isso. Gosto de te ensinar -pude ver ele começando a corar e logo veio aquele sorriso que eu tanto amo.
- Então nos vemos domingo -e então o puxei para um abraço. Pude escutar um "awn" em coro.

Em que ponto fui parar?! De garota pseudo festeira da faculdade para a garota que estava tentando seduzir um cara nerd e tímido. Ainda tentava entender o que estava acontecendo comigo.

(...)

Cheguei em casa, detonada emocionalmente e fisicamente. Emocionalmente pela briga com Joe. Fisicamente pela caminhada que fiz da faculdade até em casa. O carro de Harry estava na oficina, e não tínhamos encontrado Justin para pegar carona. A conversa com Jennifer estava rendendo.

- Não aguento mais ouvir você reclamando -Hazza me acusou assim que sentamos à mesa da cozinha- Foi apenas uma pequena andada, Demetria. Sua sedentária!
- Tarzan, meus pés estão doendo -fiz um bico que logo se desmanchou quando ouvi a porta de entrada se abrindo- Sério mesmo que Justin chegou agora? Poderíamos ter ficado esperando por ele lá na faculdade -reclamei para Harry.
- Pelo menos perdemos algumas calorias. Fique feliz, se não fosse por isso, você nunca que faria algum exercício físico esse ano.

Justin apareceu na cozinha, calado até de mais. Esquentou o resto do arroz com carne e se junto à nós na mesa.

- Aonde você estava? -perguntei, impaciente. Queria descobrir tudo sobre a conversa.
- Na faculdade -Justin deu de ombros.
- Isso eu sei. Mas nós te procuramos por todos os lugares e nem sinal de você -estava começando a perder a paciência. Harry continuou comendo, sossegado.
- Mas eu estava lá -ele sorriu em ironia, depois de tomar um gole de refrigerante.
- Justin, eu sei que você estava falando com a Jennifer -ele levantou olhar para mim, tentando fingir indiferença- Conte-me o que aconteceu.
- Nada, Demetria. Nada.

Justin se levantou com o prato na mão, pronto para terminar sua refeição no quarto, mas acabei barrando sua saída da cozinha.

- Preciso falar com você.
- Não quero falar sobre Jennifer, na boa.
- É sobre Joseph.
- Que tem ele? -Justin rolou os olhos e voltou a se sentar.
- Ele veio me infernizar hoje, novamente. Não aguento mais, dê um jeito no seu namoradinho.
- Não posso fazer nada, okay? Você não me deu o dinheiro mesmo. Bem feito.
- Que dinheiro? -Harry finalmente entrou na conversa, totalmente perdido.
- Ele gastou o dinheiro que dei à ele antes de irmos à Newport, e acabou não comprando aquela merda de madeira que se usa no skate. Agora o lindo quer que eu dê mais dinheiro.
- De jeito nenhum -primeira vez que tinha visto Harry sendo sério em vários anos.
- E como vocês querem que eu me livre de Joe desse jeito? Ele vai continuar te enchendo a paciência até eu poder comprar o novo shape. Vocês que decidem.
- Mas para quê você quer continuar com isso? Parece mais um sonho do Joe do que seu -disse Hazza.
- Vou tentar conseguir com a mãe -murmurei, deixando Harry surpreso. Mau sabia ele o porquê de eu não querer mais nenhum contato com o Jonas do meio.

Saí da cozinha, deixando Harry discutir com Justin sobre quais eram as intenções de Joseph. Mesmo querendo me intrometer na discussão e fazer Justin se afastar de Joe, precisava falar com Jennifer, algo me dizia que não rolou nada bem.

- Jenn? -ela atendou logo no segundo toque.
- Oi, Demi -sua voz parecia estar falhando. Se Justin tinha a feito chorar, eu o sufocaria com o meu travesseiro hoje.
- Como você está?
- Você já está sabendo que eu fui falar com o seu irmão, não?
- Sim. Aquele imbecil fez alguma merda para você? Pode me contar, eu consigo dar um jeito nele.
-  Não, Dem -ela riu triste- Está tudo bem. Ele foi sincero comigo, não posso reclamar. É só que não é recíproco.

Não sabia o que responder a isso. Claro que já tinha sofrido de um amor unilateral, mas se nem eu conseguia lidar com isso sozinha, imagina lidar com o sofrimento de uma amiga, acabaria nós duas chorando juntas. Não seria justo.

- Não quer mesmo que eu dê um jeito no meu irmão? Posso colocar pó de mico em suas cuecas -murmurei, fazendo com que Jennifer risse.
- Relaxa, Dem. Quero só ficar sozinha agora.
- Qualquer coisa, me liga, louquinha.
- Obrigada.

Joguei meu celular na cama e sentei no chão, tentando entender se o mundo era injusto, ou as pessoas muito ficionadas por amor.

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